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Nesta noite examinaremos o capítulo 6 de Daniel. Que aventura maravilhosa e emocionante é passar por este capítulo! Ao estudar esses capítulos com narrativas, muitas vezes fico tentado a dividi-los e examiná-los ao longo de um período, mas a história inteira é tão maravilhosa que me sinto obrigado a abordá-la como um todo. Por isso de certo modo corremos por esses grandes trechos narrativos do livro de Daniel. Este é o último deles. Este sexto capítulo encerra a narrativa histórica e, a partir do capítulo sete, passaremos para verdades proféticas profundas e emocionantes a partir do próximo domingo.

Estamos estudando Daniel capítulo 6, o famoso capítulo em que Daniel entra e sai da cova dos leões. Como introdução, quero fazer alguns comentários sobre o que aprenderemos no texto. Nações nascem, vivem e morrem. Elas se erguem e caem. Ao examinar a história, é impressionante observar a rapidez com que as nações saem de cena. Lembramos dos impérios dos hititas, egípcios, assírios e, finalmente, dos babilônios, entre os quais Daniel ocupou o cargo de primeiro ministro. Em seguida vieram os persas, medos, gregos e romanos. Todos eles vieram e se foram.

Em nosso próprio continente no Hemisfério Ocidental temos as histórias das grandes civilizações maias, incas e astecas, das quais restam poucos vestígios, exceto alguns achados arqueológicos. Elas vieram e se foram.

Mais recentemente, tivemos os tempos de grandeza da Inglaterra e da França. A Itália já foi uma grande potência mundial, ameaçando dominar a Europa sob a liderança de Mussolini. Lembrem-se da Alemanha. Com sua filosofia ariana, Hitler sonhava conquistar o mundo. Vimos a ascensão do Japão como potência militar. A China também teve seus dias de glória e a Rússia parece estar tendo seus dias de glória agora – ao passo que a América pode estar em declínio.

Nações se levantam, nações caem. Elas vêm e vão. Mas a Bíblia nos diz em Atos 17 que os tempos das nações são limitados pela soberania de Deus. E tudo o que acontece com as nações faz parte do plano predeterminado de Deus para a história. Contudo, o que é especialmente emocionante é que a ascensão e queda das nações tem muito pouco a ver com a continuidade do povo de Deus.

É difícil imaginar um acontecimento mais catastrófico do que o descrito no capítulo 5 de Daniel. A Babilônia havia caído. No instante em que a cabeça de ouro, o maior império que a humanidade já conhecera, imaginava estar no auge de sua glória, os medos e os persas invadiram a cidade e sem dispararem um só tiro, por assim dizer, todo o império babilônico caiu. Mas o mais surpreendente é que isso teve pouco ou nenhum impacto sobre o que Deus fez com seu povo, pois Daniel se manteve firme ao longo da chegada e partida das nações.

No capítulo 6 passamos para o segundo dos quatro grandes impérios representados na imagem do capítulo 2 de Daniel: o império medo-persa, o peito e os braços de prata. E ao olharmos para esse Império percebemos que Daniel não está ausente, e sim no centro da ação. Ele fora o primeiro ministro da Babilônia e também seria o primeiro ministro do império medo-persa.

Fico empolgado ao pensar nisso, pois observo que tanto nos Estados Unidos quanto no mundo todo há muitos cristãos preocupados com a preservação de determinadas nações, até mesmo a nossa. E estranhamente essa é uma ideia tentadora - equiparar a América à Igreja, ou a América ao plano de Deus, mas isso simplesmente não é verdade. Nações vêm e vão e a obra de Deus continua. E nenhuma nação é realmente importante do ponto de vista da eternidade e do plano de Deus.

Por exemplo, Isaías 40.15 diz: “Na verdade as nações são como a gota que sobra do balde; para ele são como o pó que resta na balança”. Uma declaração muito interessante. As nações são como uma gota que SOBRA de um balde. A única palavra em que consigo pensar é "irrelevante". Elas são como um grão de pó na balança que não faz diferença alguma no peso. Quando Deus decide pesar a história da humanidade, as nações não importam. E quando Deus derrama as torrentes de seu plano redentor, uma gota é irrelevante. As nações são gotas. São pó.

No trecho de Isaías 40.7-8, o profeta compara as nações à grama que murcha, morre e desaparece. Lembramos de Ninrode, Senaqueribe, Nabucodonosor, Ciro e Artaxerxes, Alexandre e os césares e faraós, Napoleão, Churchill, Mussolini, Hitler, Mao Tsé Tung, Krushchev e em nosso tempo. Líderes e nações vêm e vão e a obra de Deus continua.

Lembre-se do grande texto de Daniel 4.17: "A decisão é anunciada por sentinelas, os anjos declaram o veredicto, para que todos os que vivem saibam que o Altíssimo domina sobre os reinos dos homens e os dá a quem quer, e põe no poder o homem mais simples”.

Deus reina ao longo da história. Nações podem ir e vir, inclusive a nossa. Mas o plano redentor de Deus revelado através de seu povo seguirá o cronograma. O povo de Deus permanece ao longo da ascensão e queda das nações. Ele transcende. Essa é uma grande esperança para nós, que também vemos em Daniel. A Babilônia tombou. A cabeça de ouro foi esmagada. O tempo dos gentios passou para a segunda fase, mas Daniel está exatamente onde Deus deseja que esteja, e as decisões dos homens não atrapalham o plano de Deus.

Se pensarmos no fato de a Babilônia ter caído, isso foi realmente incrível. Nabucodonosor tinha o hábito de colocar seu nome em cada tijolo dos edifícios da Babilônia. Um escritor afirma que foram encontrados literalmente milhares de tijolos com o nome de Nabucodonosor – numa tentativa de construir um império duradouro. Um tijolo que pode ser visto no Museu Britânico exibe a imagem e o nome de Nabucodonosor e, sobre ambos, a pegada de um cão.

O mundo é assim, mas o povo de Deus e o plano de Deus transcendem tudo isso. No capítulo 6, portanto, encontramos o sobrevivente Daniel no meio do império medo-persa.

Eu gostaria que algumas palavras-chave nos conduzissem através deste texto. Vamos começar no início do capítulo 6, que é um texto narrativo. Não precisamos gastar muito tempo em cada seção. Queremos chegar ao clímax e depois destacar algumas implicações práticas, mas usaremos algumas palavras-chave apenas para não nos perdermos à medida que avançamos.

A primeira palavra é promoção. É o assunto dos versículos 1-3. “Dario achou por bem nomear cento e vinte sátrapas para governarem todo o reino; e colocou três supervisores (ou presidentes, na versão em inglês) sobre eles, um dos quais era Daniel”. A propósito, esse é o único lugar na Bíblia em que a palavra “presidente” é usada no hebraico - ou no aramaico - e parece ser uma palavra equivalente a ”chefe”.

Sobre esses cento e vinte sátrapas, ou líderes territoriais, ele colocou três chefes, a quem eles se reportavam, “um dos quais era Daniel. Os sátrapas tinham que prestar contas a eles para que o rei não sofresse nenhuma perda. Ora, Daniel se destacou tanto entre os supervisores e os sátrapas por suas grandes habilidades, que o rei planejava colocá-lo à frente do governo de todo o império”.Aí está a promoção. Observe que antes de mais nada encontramos Dario. Dario é uma figura muito nebulosa, porque não temos dados extra-bíblicos a seu respeito. Simplesmente não sabemos quem ele é. Não há registro de alguém chamado Dario naquele momento da história. Parece que no registro genealógico dos reis da época também não há nenhum homem chamado Dario.

Alguns estudiosos supõem que Dario é outro nome para um rei chamado Gubaru. Gubaru não era realmente um rei, e sim alguém nomeado sob Ciro como uma espécie de governante do território da Babilônia. Ciro, o grande monarca de todo o império medo-persa, nomeou este Gubaru como governante da Babilônia e alguns dizem que a palavra “Dario” é apenas outro nome para Gubaru.

Entretanto, penso que a melhor explicação é que “Dario” é apenas outro nome para Ciro. Creio que essa talvez seja a melhor explicação de todas porque a palavra “Dario” é um título, como “faraó”, “rei”, ou “césar”.

Encontramos a palavra Dario, por exemplo, em inscrições arqueológicas referentes a no mínimo cinco governantes persas diferentes. Todos são chamados “Dario”. Portanto parece ser mais razoável considerar a palavra como um título de honra, um título de importância. Consequentemente podemos supor que se trata apenas de um título atribuído a Ciro. O texto de Daniel 6.28 pode ajudar-nos nisso. 

Diz o versículo: “Assim Daniel prosperou durante os reinados de Dario -” e no aramaico consta também “e de Ciro, o persa”. Alguns comentaristas preferem a seguinte tradução, em vez de "e no reinado de Ciro", formando um paralelismo: "mesmo no reinado de Ciro".

Se voltarmos ao capítulo 6, constataremos que Dario instituiu 120 príncipes sobre o reino, e imagino que para isso ele teria de ser mais do que apenas um governante local na Babilônia. Para estabelecer três líderes sobre todo o reino, ele precisaria ser alguém muito importante. Por isso creio que ele seja o monarca medo-persa Ciro, apenas com outro título oficial. O próprio fato de ele ter instituído 120 príncipes indica que ele tinha um domínio mais amplo do que somente a cidade-estado da Babilônia.

Portanto temos esse homem Ciro, talvez mais conhecido como Dario. Ele é um homem capaz e inteligente. É um homem eficiente em termos de organização e estrutura. É um homem poderoso. É um homem que não tem qualquer relacionamento com o Deus de Israel, e sim com seus próprios deuses, porém ainda assim demonstra grande interesse pelo Deus de Daniel. Esse interesse aumenta à medida que avançamos pelo sexto capítulo.

Observe o que o texto diz a respeito da nomeação dos 120 e dos três supervisores. O versículo 2 diz: “... um dos quais era Daniel”. É possível interpretar o texto como Daniel sendo “um” entre outros ou como Daniel sendo “o” primeiro entre outros, o que significaria que ele foi o primeiro a ser escolhido ou o primeiro na classificação. Isso realmente não importa. O que importa está no versículo 3: “Daniel se destacou tanto [...] que o rei planejava colocá-lo à frente do governo de todo o império”.O equivalente à palavra “destacou” no aramaico é um particípio que significa que “ele se destacava constantemente entre os outros”. Ele foi, sem dúvida, o melhor estadista de todo o império medo-persa, assim como fora o melhor estadista de todos os tempos no império babilônico e talvez tenha sido o melhor estadista que já pisou na Terra.

Algumas traduções incluem no versículo 3 que “nele havia um espírito excelente” – o que se refere à sua atitude. É claro que a atitude permeia tudo o que fazemos e isso é louvável. Contudo, Daniel tinha mais do que isso Ele tinha experiência, pois no regime anterior havia sido primeiro-ministro. Tinha sabedoria, mais do que qualquer outra pessoa.

Ele tinha um senso de história. Possuía uma capacidade de liderança impressionante, se imaginarmos que aquilo que ele foi capaz de fazer na vida dos três jovens no início do livro é uma pista do modelo que ele estabeleceu. Tinha capacidade administrativa e assumiu responsabilidades de uma maneira ampla e abrangente. E, além de tudo isso, tinha a capacidade de interpretar sonhos e visões e dar a todos uma ideia do que aconteceria no futuro, algo inestimável para um monarca. Que homem!

Deus o colocou exatamente onde queria. Deus permitiu que Dario reconhecesse a capacidade de Daniel e o colocasse em um lugar muito estratégico e influente.

O interessante é que em seu primeiro ano de governo, Ciro - ou Dario – promulgou um decreto permitindo que os judeus voltassem a Judá. Os 70 anos de cativeiro na Babilônia haviam terminado, e Ciro decretou que ele voltaria, ou melhor, que os judeus voltariam. Eu realmente acredito que Daniel teve grande influência nessa decisão.

Creio que foi por causa do poder da vida de Daniel, por sua sabedoria e influência que, ainda em seu primeiro ano de governo (por volta de 538 ou 537 a.C.), Ciro decidiu deixar o povo voltar. E isso ocorreu ainda antes do incidente na cova dos leões.

Agora vemos Daniel novamente. Mas desta vez, ao contrário do jovem que vimos no passado, ele é um homem muito velho. Na verdade, no capítulo 6 Daniel está com cerca de 90 anos de idade e ainda é um homem de Deus. Ele ainda é a escolha de Deus. E ainda é a escolha do rei para primeiro ministro. O poder de uma vida virtuosa se estende até a velhice.

O Dr. Criswell, da Primeira Igreja Batista de Dallas, conta-nos sobre Robert G. Lee, um grande pregador no sul dos EUA. Por ocasião de seu 84o aniversário no dia 11 de novembro de 1970, perguntaram a Robert G. Lee: “O senhor continuará pregando, Dr. Lee?” E ele respondeu o seguinte: “Enquanto houver tantas pessoas perdidas por aí, enquanto houver corações aflitos que precisam ser consolados, enquanto houver tantos jovens desperdiçando sua vida em loucuras e prazeres carnais e houver tantos males contra os quais devemos protestar; enquanto houver tantas pessoas idosas que estão sozinhas rumo ao seu ocaso; se em 1910, ao ser ordenado, eu assumi um compromisso com a pregação até a morte, por que eu não deveria continuar pregando ao longo do meu 85o ano de vida?”

O Dr. Lee acrescentou algumas estatísticas animadoras que devem abençoar e encorajar qualquer pessoa próxima dos 80 ou 90 anos. Ele relatou o seguinte: “Newman Darlan, um estudioso conhecido, fez uma análise da vida e das conquistas dos 400 principais personagens da história. A análise mostrou que quase 80% dos mais importantes mantiveram uma vida ativa entre os 58 e 80 anos de idade. Vinte e cinco por cento se mantiveram na ativa depois dos 70, vinte e dois e meio por cento depois dos 80, e seis por cento além dos 90 anos. Pense no que foi feito por homens acima de 80 anos. Aos 83, Gladstone foi primeiro-ministro da Grã-Bretanha pela quarta vez. Aos 89 anos Michelangelo pintou seu quadro do Juízo Final, talvez a imagem mais famosa do mundo. John Wesley pregou com eloquência praticamente inalterada até os 88 anos, encerrando com essa idade a carreira mais impressionante de seu tempo, tendo viajado 400 mil quilômetros numa época em que não havia eletricidade nem máquinas a vapor. Alguém estimou que ele apresentou 4.000 sermões, além de muitos escritos e livros.

“Edison continuava inventando aos 90 anos. Aos 90 anos Wright ainda era considerado um arquiteto criativo. Shaw escreveu peças aos 90 anos. Vovó Moses pintava aos 80 anos. J.C. Penny, o grande cristão, trabalhou arduamente em sua mesa até os 95 anos.

E nós dizemos: “Ah, estou com 55. Vou parar com tudo”. E ignoramos a riqueza da idade. Daniel tinha cerca de 90 anos e era um homem de Deus. E Deus o colocou exatamente onde queria e os políticos da Medo-Pérsia não podiam opor-se a isso.

A primeira palavra, portanto, é promoção; a segunda é enredo (versículos 4-9). Toda vez que o Senhor coloca alguém numa posição de destaque, essa pessoa passa por algumas dificuldades. Sempre há um preço a pagar. Não existe exaltação, não há sucesso ou proeminência que não custe uma certa medida de escravidão. O homem que tem sucesso é um homem que trabalha, que serve, que se esforça. Ele está acorrentado.

Se é músico, está preso ao piano. Se é um artista, está preso à sua tela. Se é um pregador, está atrelado a seus livros e suas orações. Se é um autor, ao seu manuscrito. Se é poeta, à sua poesia. Se é médico, é a seus pacientes e livros que está preso. Se é um teólogo, é ao seu estudo. Qualquer pessoa que se destaca é um prisioneiro. Há um preço a pagar. A pessoa é escrava da sua tarefa e dedica sua vida àquilo.

Todavia, há outro preço a ser pago por estar numa posição de bênção da parte de Deus. O preço é que todas as pessoas nessa posição serão perseguidas, caçadas e seguidas pela inveja. Simplesmente é assim. Encontramos isso em Filipenses 1, quando Paulo estava preso e algumas pessoas acrescentavam ainda mais aflições aos seus sofrimentos ao falarem mal de seu ministério. Eles queriam fazê-lo se sentir pior do que ele já estava como prisioneiro. Eles pregavam a Cristo para opor-se ao ministério de Paulo.

Quando Deus ergue alguém, é impressionante como outras pessoas ardem de raiva, ciúme e amargura, mesmo que esse indivíduo não lhes tenha causado mal algum. Como alguém poderia odiar Daniel? Como alguém poderia desprezar um homem assim? Farei uma pergunta mais difícil. Como alguém pôde crucificar Jesus Cristo? Mas isso aconteceu.

Quando Charles Spurgeon era jovem, havia em Londres um pregador mais velho que já estava na cidade há uma geração. Ele passara anos trabalhando fielmente em seu ministério. Aí apareceu Charles Haddon Spurgeon, esse indivíduo jovem, dinâmico e impetuoso que chegara a Londres aos 20 anos de idade. E imediatamente – isto é, não depois de um, dois ou três anos, mas imediatamente depois de entrar em cena - ele teve um impacto tão grande que as pessoas simplesmente afluíam para ouvir Spurgeon pregar. Ele era como uma estrela que aparecera faiscante no céu.

O ministro mais velho relatou que quando as multidões começaram a se aglomerar ao redor do jovem, a inveja e o ciúme começaram a entrar em seu coração e isso o devorou. Lá estava ele, um famoso pregador de Londres, mas a multidão estava ouvindo Spurgeon. E o pastor mais velho disse que se ajoelhou e clamou diante de Deus, e contou tudo ao Senhor. Segundo ele, o Senhor começou a colocar em seu coração elogios, intercessões e súplicas pelo jovem Spurgeon. Ele disse: “Chegou o dia, depois de ter orado e levado Spurgeon a Deus, em que a cada vitória conquistada por ele eu me sentia como se eu mesmo tivesse feito isso”. Deus lhe deu a vitória.

No entanto, isso nem sempre acontece. Vemos o contrário disso no versículo 4. “Diante disso, os supervisores e os sátrapas procuraram motivos para acusar Daniel em sua administração governamental, mas nada conseguiram. Não puderam achar falta alguma nele, pois ele era fiel; não era desonesto nem negligente”.

Daniel não tinha mensalões. Ele não tinha segredos a esconder. Não havia como acusá-lo.

Se aos 90 anos de idade um homem é cercado de pessoas que vasculham sua vida para tentar encontrar algum fato incriminador sem encontrar nada, esse é um homem honrado. Grande integridade, grande honestidade, grande pureza, grande nobreza. Eles não encontraram nenhuma falha, שְׁחַת shĕchath, que significa “corromper”. Não há corrupção, não há erro, שָׁלוּ shaluw, que significa “negligenciar”. Em outras palavras, a corrupção é o pecado de comissão, e o erro é o pecado de omissão. Eles não conseguiram encontrar qualquer coisa que ele deveria ter feito nem qualquer coisa que ele não deveria ter feito. Que homem virtuoso! Não encontraram nada.

Versículo 5. “Finalmente esses homens disseram: "Jamais encontraremos algum motivo para acusar esse Daniel, a menos que seja algo relacionado com a lei do Deus dele". Eu gostaria de ter tempo para pregar somente sobre esse versículo. Quando não for possível encontrar alguma coisa contra você a não ser o fato de que você está absolutamente comprometido com o seu Deus, aí você estará cumprindo de fato o princípio do Novo Testamento de sofrer por causa da justiça. De acordo com os inimigos de Daniel, a única coisa reprovável nele é que ele está totalmente comprometido com seu Deus. Que elogio! Eles não puderam encontrar qualquer outra coisa. Se houvesse algo, eles o teriam encontrado mas não conseguiram.

Versículo 6. “E assim os supervisores e os sátrapas de comum acordo foram falar com o rei: ‘Ó rei Dario, vive para sempre!’”

O tratamento típico. Toda vez que alguém entra lá, tem que dizer isso. O próprio Daniel disse isso na cova dos leões. Isso é forçar um pouco as coisas, e o versículo 7 diz: “Todos os supervisores reais, os prefeitos, os sátrapas, os conselheiros e os governadores concordaram em que...” Ora, isso é intimidação pura, porque é mentira. Havia um grupo entre eles que armou um golpe e nem todos concordaram. Mas essas pessoas foram reunidas e intimidadas e, segundo disseram, decidiram que “... o rei deve emitir um decreto ordenando que todo aquele que orar a qualquer deus ou a qualquer homem nos próximos trinta dias, exceto a ti, ó rei, seja atirado na cova dos leões”.

Você já ouviu falar no programa “Rainha por um dia”? Este é um rei por 30 dias. “Queremos que você seja Deus por trinta dias”. Mas se você puder ser eleito para ser Deus, sua teologia é ruim. E se você puder ser Deus apenas por 30 dias, sua teologia é ainda pior. Aí entram eles: “Consultamos todos os governadores, príncipes, supervisores, conselheiros e capitães, e todos concordaram que deveríamos fazer uma lei. O senhor é tão maravilhoso que merece 30 dias para ser deus, e nós lhe daremos esse privilégio. Queremos estabelecer somente uma regra aqui: quem quer que faça uma petição a qualquer deus ou homem nesses 30 dias, a menos que seja o senhor, será lançado na cova dos leões”.

É interessante que no versículo 6 há um verbo indicando que “de comum acordo foram (falar com o rei”. É um verbo muito interessante no aramaico, pois significa que eles "vieram às pressas e tumultuadamente", como uma corja, um grupo tumultuado. Eles entraram agitados e desorganizadamente. É um verbo muito forte, sugerindo que um grande grupo havia iniciado esse plano. Porém nem todos concordaram, porque Daniel era o líder e ele não concordou. Tenho certeza de que ele nem foi consultado.

Então, todos eles entram e apresentam sua mentira. Quando dizem "todos os supervisores", isso não é verdade. Havia um deles que não concordou e que talvez nem soubesse o que estava acontecendo. Queremos fazer um estatuto e um decreto firme. E, a propósito, o uso duplo disso, “estatuto real” e “decreto firme”, indica o quanto eles queriam que esse decreto fosse rigoroso, de modo que ninguém, ninguém mesmo, pudesse adorar ou fazer uma petição a ninguém, exceto ao rei, durante 30 dias.

A propósito, naquela época sua religião contava com divindades que eram como os seres humanos e tão falíveis quanto eles. Em outras palavras, eles formaram sua imagem de Deus a partir de sua própria imagem e assim seus deuses eram falíveis. Para nós, dizer que um homem pode ser um deus parece absolutamente ridículo, pois Deus é santo, justo e perfeito, e não tem nenhuma das imperfeições da humanidade.

Mas isso não era um problema para eles. Se estudarmos cuidadosamente a história, descobriremos que os egípcios acreditavam que os faraós eram deuses, que os romanos acreditavam que os césares eram deuses. Os ptolomeus eram considerados deuses. Há indicações de que os selêucidas reivindicaram o papel de divindade. Conforme Atos 12, até a dinastia dos Herodes, assumiu o lugar dos deuses. Portanto, não era incomum que os monarcas fizessem isso.

Bom, Dario ficou lisonjeado. Imagine, se toda liderança política quer fazer isso por você, rapaz, é muito difícil resistir. E ele não pensou duas vezes; foi arrastado pela emoção envolvida. Versículo 8: “Agora, ó rei, emite o decreto e assina-o para que não seja alterado, conforme a lei dos medos e dos persas, que não pode ser revogada”.

Não sabemos muita coisa sobre a lei dos medos e persas exceto que, depois de promulgada, a lei não podia ser violada. Isso fazia parte do sistema deles, e a maioria dos estudos indica que a razão pela qual eles fizeram isso era impedir leis caprichosas, já que depois de emitir uma lei ela passava a ser obrigatória. Por isso eram bastante cuidadosos com essas leis.

Mas quando esses sujeitos apareceram e atingiram o rei em seu ponto fraco – seu ego – ele respondeu. V. 9: “E o rei Dario assinou o decreto..” Agora havia uma lei. Se fizer um pedido a qualquer deus que não seja esse deus, você vai para a cova dos leões.

Vimos a promoção e o enredo. Agora há uma terceira palavra: perseverança, no versículo 10. Agora a palavra voltou para Daniel, e quero que você saiba o que ele fez. “Quando Daniel soube que o decreto tinha sido publicado, foi para casa, para o seu quarto, no andar de cima, onde as janelas davam para Jerusalém. Três vezes por dia ele se ajoelhava e orava, agradecendo ao seu Deus, como costumava fazer”. Gosto disso.

“Então aqueles homens foram ver e encontraram Daniel orando, pedindo ajuda a Deus”.

Sabe, o que vejo aqui é perseverança. Eles fizeram uma lei, mas Daniel voltou para seu quarto e fez o que fazia todos os dias, seguindo padrão originalmente estabelecido por Davi, conforme o Salmo 55.17: “À tarde, pela manhã e ao meio-dia choro angustiado, e ele ouve a minha voz”.

Naquela época muitas vezes havia um pequeno quarto acima das casas, que também é mencionado no Novo Testamento. Era um local de refúgio e não havia janelas de vidro. Normalmente havia uma treliça que cobria as janelas, mas permitia que ficassem abertas e deixava a brisa entrar para refrescar as casas da Babilônia, um lugar muito quente.

Daniel costumava subir até lá e através da treliça era possível vê-lo voltado para Jerusalém, o lugar pelo qual ansiava, pois ali estavam o povo de Deus e a cidade Deus, que para ele simbolizava Deus. Sem dúvida ele orava pela paz de Jerusalém e pela restauração da cidade, confessava seus pecados e falava sobre tudo que havia em seu coração. E ele fez exatamente o que sempre fazia. Perseverança.

Em outras palavras, os homens podem fazer suas leis, mas quando as leis se cruzam e violam as regras que Deus estabeleceu, não precisamos nos preocupar com essas leis. Foi o que aconteceu em Atos, quando Pedro diz que devemos obedecer mais a Deus do que aos homens.

Pode ser que agora você diga: “Será que Daniel não poderia ter sido um pouco mais discreto? Ele não poderia simplesmente fechar a janela e orar do mesmo jeito?” Sim. “Ele não poderia ter relaxado um pouco durante 30 dias e conversar com o Senhor em pé ou andando por aí, sem ficar tão visível?” Sim. Mas qualquer concessão teria sido em proveito próprio, e seu caráter não era assim.

Policarpo havia sido cristão por 86 anos quando o levaram à fogueira para ser queimado em Esmirna em 155 d.C. Antes de acenderem o fogo, disseram a Policarpo: “Negue ao Senhor e salve sua vida.” Com confiança tranquila e voz firme, ele respondeu: “Eu o servi por oitenta e seis anos e ele nunca me fez mal algum. Por que eu deveria abandoná-lo agora”? E com louvores nos lábios e um compromisso silencioso com o Senhor, Policarpo, aquele discípulo de João, baixou os olhos para as chamas e as aceitou como vontade de Deus.

Penso em Simão Pedro. Simão Pedro estava na prisão para ser executado no dia seguinte. Um anjo veio para libertá-lo, mas teve que acordá-lo porque Pedro dormia profundamente. Surpreendente. É como aquela música: “Ele nunca dorme, ele nunca cochila”. Lembro-me do sujeito que estava no fundo de um navio, com muito medo, até ler essa passagem. Aí ele olhou para o Senhor e disse: “Como o Senhor vai ficar acordado, não faz sentido nós dois perdermos a chance de dormir. Acho que vou cochilar um pouco”.

Perseverança. Que homem verdadeiramente virtuoso e devotado a Deus.

Há outra palavra-chave que nos conduz ao longo do texto: a palavra acusação (v. 12). E agora a trama se complica. “Assim foram falar com o rei acerca do decreto real”. Eles haviam espionado Daniel e viram o que ele fez.

Tenho certeza de que eles foram de manhã e o viram imediatamente, ao meio-dia – o que é o mais provável. Eles haviam ido falar com o rei e receberam o decreto pela manhã. Foram até a casa de Daniel ao meio-dia para vê-lo orar. Eles o viram aquela única vez e voltaram correndo para o rei.

“Tu não publicaste um decreto ordenando que nos próximos trinta dias todo aquele que fizesse algum pedido a qualquer deus ou a qualquer homem, exceto a ti, ó rei, seria lançado na cova dos leões?”

Agora a bomba estava nas mãos do rei. “O rei respondeu: ‘O decreto está em vigor, conforme a lei dos medos e dos persas, que não pode ser revogada’”.

Isso era verdade. “Então disseram ao rei: ‘Daniel, um dos exilados de Judá’” – e voltam a fazer o jogo de sempre com Daniel. Aquele estrangeiro. Aquele prisioneiro. Aquele cativo. Nem faz parte da linhagem real. “Ele não te dá ouvidos, ó rei- ”. Aquilo era verdade? Não era. Daniel era um servo leal e fiel, contanto que isso não o levasse a violar seus princípios. Ele via o rei do modo como um rei deve ser visto; como disse o nosso Senhor, ele “dava a César o que era de César”. E os detratores acrescentam: “nem [obedece] ao decreto que assinaste. Ele continua orando três vezes por dia". Sei que eles não ficaram ali durante um dia inteiro para ver Daniel orar três vezes. Eles o viram orando apenas uma vez e deduziram o restante – e foi uma dedução correta. E assim confrontam o rei. Ele começou sendo rei por um mês, sendo deus por um mês, mas acabou sendo um tolo em um dia. E que tolo! Que decisão idiota e irrefletida a sua. E sabe de quem ele ficou com raiva? Ele é um homem sábio e ficou com raiva de si mesmo.

Versículo 14: “Quando o rei ouviu isso, ficou muito contrariado”. Pelo menos o sujeito foi honesto o suficiente para culpar a pessoa certa. Foi seu próprio ego que lhe preparou uma armadilha. Sempre haverá fascínios e tentações, mas nós não caímos nelas a menos que nosso próprio ego se envolva. E eu gosto do que vem em seguida: “...e como estava decidido a salvar Daniel, até o pôr-do-sol fez todo o esforço que pôde para livrá-lo”.

Vamos supor que o decreto tenha sido assinado pela manhã. Os inimigos de Daniel saíram correndo para ver o que ele faria ao meio-dia. E Daniel estava lá orando. Voltaram apressadamente para denunciá-lo ao rei, e agora já passara do meio-dia. De acordo com o costume daquele povo, as execuções deveriam ocorrer antes do anoitecer. Portanto o rei teve a tarde toda, e esgotou todas as saídas legais possíveis. Ele tentou de tudo. Essa é a implicação do versículo 14: “e como estava decidido a salvar Daniel, até o pôr-do-sol fez todo o esforço que pôde para livrá-lo”.

Eu não sei o que ele fez, mas talvez ele tenha tentado encontrar uma brecha na lei, ou talvez tenha tentado encontrar algum precedente na lei medo-persa passada por meio do qual pudesse anular a sentença. Porém tecnicamente não havia saída. Sabe do que eu mais gosto em tudo isso? Daniel nunca diz uma palavra. Daniel nunca assume sua própria causa. Daniel nunca se defende. Como Cristo, ele é como ovelha muda diante dos tosquiadores e não abre a boca.

Veja, ele já confiara tanto em Deus ao longo de todos esses anos que se entregou a Deus. Não houve defesa, certo? Não houve - o que mais ele poderia dizer, exceto - “Está certo. Eu estava orando e continuarei orando”? Não havia nada a dizer.

Temos então a promoção, o enredo, a perseverança, a acusação. E palavra-chave seguinte está no versículo 16 – a palavra penalidade. O versículo 15 diz: “Mas os homens lhe disseram: "Lembra-te, ó rei, que, conforme a lei dos medos e dos persas, nenhum decreto ou edito do rei pode ser modificado”. Você está amarrado. “Então o rei deu ordens, e eles trouxeram Daniel e o jogaram na cova dos leões”.

Lembre-se que aqueles eram leões de verdade. Leões que não haviam sido alimentados de propósito e estavam famintos, para serem usados como carrascos. Não sei quantos havia lá, mas não eram só alguns. Já vi imagens com dois ou três leões. Não sei quantos eram, mas devem ter sido muitos, porque quando chegamos ao final do capítulo e tudo começa a ruir para aqueles que armaram a trama e eles e suas famílias são jogados na cova, todos são devorados antes de atingirem o chão. Sem dúvida havia muitos leões lá dentro!

Um comentarista afirmou que havia apenas alguns leões e Daniel conseguiu encontrar um canto para se esconder. Não, não, não. Aquele era um espaço amplo e Daniel não conseguiria se esconder no meio da palha ou onde quer que fosse. Não, havia muitos leões, e leões de verdade.E assim “taparam a cova com uma pedra”. É muito provável que fosse uma caverna na encosta de uma colina, sendo possível fechar a entrada no ponto mais baixo com uma pedra. E no topo do monte havia um buraco fechado por uma grade. O que nos faz crer nisso é que a palavra “cova”, equivalente à palavra gôb em aramaico, está relacionada à palavra hebraica gûwb, que significa "poço". Gûwb significa “cavar” em hebraico.

Portanto, imagine uma espécie de poço com uma entrada lateral pela qual seria possível fazer os leões entrarem e saírem e alimentá-los. Além disso havia uma entrada superior, de onde se podia assistir tudo o que acontecia, bem como as pessoas sendo executadas.

Aliás, há um estudo arqueológico muito interessante. Encontraram-se algumas dessas covas de leões usadas por monarcas como locais de execução. Keil, um comentarista muito famoso do Antigo Testamento, descreve uma dessas covas. Segundo ele, “a cova era uma grande caverna quadrada dividida por uma parede na qual havia uma porta, que o guarda podia abrir e fechar por cima. Ele atraía os leões de uma câmara para a outra com comida e, depois de fechar a porta, entrava no espaço vazio para limpá-lo. A caverna era aberta em cima, com a abertura cercada por uma parede de mais ou menos um metro e meio de altura, permitindo que as pessoas olhassem para dentro da cova”. É possível que a cova de Daniel fosse algo assim, uma grande área na encosta de uma colina.

Observe agora o que diz o versículo 16: “O rei, porém, disse a Daniel: ‘Que o seu Deus, a quem você serve continuamente, o livre’”. Como assim? De onde ele tirou essa ideia? Se você acompanhou esse estudo com atenção, deve saber que se Daniel conviveu com o rei ao longo de um ano, ou talvez dois, Dario deve ter ouvido mensagem após mensagem sobre Deus. E você também sabe que a essa altura o rei devia ter conhecimento do que Deus já fizera com Daniel no passado, e talvez essa seja uma das razões pelas quais o rei nomeou Daniel para aquele cargo.

Para mim parece óbvio que Daniel deixava bem claro no que acreditava. Ele já havia presenciado milagres. Já havia dado conselhos a respeito da autorização para que os judeus voltassem para casa. E por isso tenho certeza de que ele transmitia uma mensagem muito clara sobre o poder de seu Deus que o libertara. Tenho certeza de que o rei conhecia muito bem a história de Hananias, Azarias, Misael – conhecidos como Sadraque, Mesaque e Abednego na Babilônia – que foram livrados da fornalha ardente. Ele sabia que esse Deus seria capaz de livrar Daniel, e isso é ótimo, pois prova que o esforço evangelístico de Daniel estava tendo resultados.

E assim “taparam a cova com uma pedra, e o rei a selou com o seu próprio anel-selo e com os anéis dos seus nobres, para que a situação de Daniel não se modificasse”.Tudo isso nos conduz a mais uma palavra-chave: preservação (v. 18). “Tendo voltado ao palácio...” O Espírito Santo é muito sutil. Você pensava que o rei iria diretamente para a cova dos leões, certo? Se eu estivesse assistindo a um filme, por exemplo, e o filme atingisse o clímax em que Daniel é levado e lançado na cova dos leões, e aí a cena mudasse para o palácio do rei, eu diria: “Não quero ver o palácio do rei! Leve-me de volta à cova dos leões. Quero ver o que está acontecendo ali!” Mas a narrativa bíblica transfere a cena para o palácio e não diz mais nada sobre a cova dos leões. Nada.

“O rei passou a noite sem comer”. E daí, certo? O que aconteceu na cova dos leões? “O rei passou a noite sem comer e não aceitou nenhum divertimento em sua presença”. “Divertimentos” podem ser música, mulheres, dançarinas, o que quer que eles usassem para distrair o rei. Mas ele não queria nada disso: nada de música, nada de dançarinos, nada de comida, nada. “Além disso, não conseguiu dormir”. Ele só conseguia andar de um lado para o outro.

“Logo ao alvorecer, o rei se levantou e correu para a cova dos leões”. Assim que o sol despontou, ele se foi. ”E correu para a cova”. A maioria dos comentaristas acredita que ele tinha cerca de 62 ou 63 anos, portanto isso representava um esforço para sua idade. Ele correu até a cova dos leões ao raiar do dia, a fim de tentar ver o que está acontecendo. Isso indica que ele tinha alguma fé no Deus de Daniel.

Versículo 20. “Quando ia se aproximando da cova, chamou Daniel com voz aflita” – uma voz de angústia e ansiedade, torcendo pelo melhor, mas talvez imaginando o pior: “’Daniel, servo do Deus vivo!” Onde você imagina que ele aprendeu isso? Onde será que ele aprendeu a frase “Servo do Deus vivo”? Vou lhe dizer – ele aprendeu isso com Daniel. Daniel havia lhe dado muitas lições.

“Será que o seu Deus, a quem você serve continuamente, pôde livrá-lo dos leões?” Francamente, não é um pouco tarde para essa pergunta? Será que Deus conseguiu livrá-lo? Agora chegamos ao cerne da questão, não é? Será que Deus foi capaz?

Versículo 21: “Daniel respondeu: ‘Ó rei, vive para sempre’.” Falar com um rei exige certas formalidades, não se pode simplesmente dizer: “Estou bem”, é preciso dizer: “Ó rei, vive para sempre”. Em seguida o versículo 22: “O meu Deus enviou o seu anjo, que fechou a boca aos leões”. Naturalmente isso também significa que Deus cuidou de suas patas, porque elas poderiam rasgá-lo em pedaços. Deus havia enviado um anjo. E anjos são poderosos. Um anjo cuidou de 185.000 assírios e matou a todos sozinho. Portanto um anjo seria suficiente. “O meu Deus enviou o seu anjo, que fechou a boca dos leões. Eles não me fizeram mal algum, pois fui considerado inocente à vista de Deus”. Isso não é orgulho. É a verdade. E se é verdade, não é orgulho, entende? “Também contra ti não cometi mal algum, ó rei”. Só para esclarecer.

Não é interessante que ele se defenda somente depois de ter dado a Deus a oportunidade de colocá-lo à prova? Ele coloca sua vida nas mãos de Deus na cova dos leões. É como se ele estivesse dizendo: “Bem, Deus, eu não entendo por que estou indo para a cova dos leões, mas talvez o Senhor tenha uma razão, talvez saiba de algo na minha vida que não está certo, e essa prova faz parte disso”. Somente depois de Deus o libertar ele pôde dizer: “Eu não fiz nada, sou inocente”. Como você sabe que é inocente? Porque Deus teve uma chance perfeita de castigá-lo e não o fez. Ele espera até que Deus avalie isso.

O versículo 23 diz: “O rei muito se alegrou e ordenou que tirassem Daniel da cova”. Essa é mais uma indicação de que se tratava de uma cova. Provavelmente jogaram algumas cordas e aquele sujeito de quase 90 anos as agarrou e subiu. “Quando o tiraram da cova, viram que não havia nele nenhum ferimento, pois ele tinha confiado no seu Deus”.

Daniel está escrevendo o sexto capítulo e diz que isso era uma recompensa por sua grande fé em Deus. Ele creu em Deus e Deus honrou sua fé. Mas quer saber de uma coisa? Nem sempre é isso que acontece, não é? Isaías também cria em Deus, mas ele foi serrado ao meio. Paulo também cria em Deus, mas colocou a cabeça sobre um cepo, a lâmina de um machado brilhou ao sol e a separou do corpo. Pedro cria em Deus e foi crucificado de cabeça para baixo.

Crer em Deus não significa que os leões não irão comê-lo. Ao longo de toda história de Deus com os seres humanos houve mártires que creram em Deus e morreram. A questão é aceitar a vontade de Deus. Se for para viver, vivamos. Se for para morrer, morramos. Porém em qualquer uma das alternativas nunca somos derrotados.

De fato, se Daniel tivesse sido comido por leões, ele estaria na presença de Deus, não é? E isso seria melhor ainda do que olhar para Dario e dizer: “Ó rei, vive para sempre.” De um modo ou outro, não havia como perder. Nós nunca perdemos. Se ele tivesse sido despedaçado, aquele anjo o levaria à presença do Senhor no seio de Abraão.

Tudo isso vem seguido de outra palavra-chave, a palavra punição. Versículo 24: “E por ordem do rei, os homens que tinham acusado Daniel” – os sátrapas, príncipes e superiores que o acusaram – “foram atirados na cova dos leões, juntamente com as suas mulheres e os seus filhos. E, antes de chegarem ao fundo, os leões os atacaram e despedaçaram todos os seus ossos”. Impressionante. Deve ter havido uma quantidade enorme de leões ali.

E as pessoas ainda dizem: “Bom, Daniel não foi comido porque os leões não estavam com fome”. Eles estavam com fome. Eles estavam com fome suficiente para comer esse enorme grupo de pessoas. Alguns até sugeriram que Daniel não foi comido porque os leões eram velhos. E eles eram como Clarence, você sabe, o leão vesgo. É incrível o que comentaristas liberais tentam fazer com a Bíblia.

Entretanto, o objetivo deste texto aqui é mostrar que eles não eram velhos e desdentados. Eles não estavam com a barriga cheia. Estavam com fome. E eram tão ferozes que destruíram aquelas pessoas antes mesmo de atingirem o chão. Deus fez um milagre. Uma cena horrível - a imagem da retribuição e vingança de Deus.

A propósito, este é um vislumbre muito interessante da lei pagã. A lei dos medos e dos persas dizia: “Por causa da culpa de um, todos os seus parentes devem perecer.” Essa era a lei dos medos e persas. E assim eles fizeram.

Vemos a promoção, o enredo, a perseverança, a acusação, a penalidade, a preservação, a punição. Mais duas palavras-chave, e uma delas é proclamação. Versículo 25. “Então o rei Dario escreveu aos homens de todas as nações, povos e línguas”– lembre-se de que essa pequena trilogia é usada muitas vezes no livro de Daniel, indicando todas as pessoas no reino - “de toda a terra:” - pelo menos da terra que ele conhecia – “Paz e prosperidade! Estou editando um decreto para que nos domínios do império os homens temam e reverenciem o Deus de Daniel”. Não é sensacional?

Um único homem, e ele literalmente afetou todo o império. Todo o império medo-persa estava debaixo da ordem de tremer e temer diante do Deus de Daniel. Não é preciso muita gente. Só o tipo certo de gente. “Pois ele é o Deus vivo e permanece para sempre; o seu reino não será destruído, o seu domínio jamais acabará”. Dario escreve como o salmista, e era um rei pagão.

Deus fez algumas demonstrações convincentes neste livro, não é mesmo? As nações vêm e vão, quer sejam os babilônios ou os medo-persas - quando Deus coloca seus homens no lugar certo, sua mensagem é transmitida.

Verso 27: “Ele livra e salva; faz sinais e maravilhas nos céus e na terra. Ele livrou Daniel do poder dos leões”.

Quero fazer uma pergunta simples. Quem recebe a glória no capítulo? Daniel? Não é Daniel, nem por um minuto. Daniel estava lá, só isso. Deus recebeu a glória. Creio que se há um fio condutor pelo livro de Daniel, não é a exaltação de Daniel, e sim a majestade de Deus, que se opõe às nações do mundo e mantém sua soberania.

Finalmente a última palavra: prosperidade. “Assim Daniel prosperou durante os reinados de Dario e de Ciro, o persa”. Ele prosperou. Agora preste atenção.

Ao examinarmos este capítulo, o que descobrimos sobre Daniel? Ao estudar os capítulos 1 e 2 reunimos todas as características da virtude de Daniel quando jovem e as analisamos. Vimos o que torna um homem virtuoso e piedoso. Agora aqui estamos, não 20 anos depois, mas 60, 70 anos mais tarde. O que continuamos a ver em Daniel? Quais são os traços de caráter que podemos aplicar a nós mesmos? O que torna um homem capaz de afetar uma nação? O que faz um homem ou uma mulher ter um impacto tão profundo a ponto de atingir um império? O que Daniel tem de especial?

Quero sugerir algumas coisas para que você pense nelas.

Primeiramente, esse homem transcendeu a história. Ele foi grande e foi útil a Deus porque transcendeu a história. Ele não se envolveu na sujeira dos problemas humanos. Ele buscou o reino de Deus.

Em segundo lugar, ele viveu uma vida coerente do começo ao fim. Ele era virtuoso quando jovem, e continuou virtuoso quando estava velho. E eu realmente acredito que não há como avaliar com uma medida humana o poder de uma vida virtuosa ao longo de tantos anos. Triste é que para a maioria de nós a virtude vem e vai ao longo do tempo. Não foi o que aconteceu com Daniel. Que lições aprendemos sobre um homem de Deus? Ele transcende a história. Ele vive uma vida coerente desde a juventude até a velhice, e com isso continua útil mesmo sendo idoso.

Em terceiro lugar, ele cumpre na íntegra o seu chamado. Em outras palavras, ele vive no centro absoluto da vontade de Deus. Seu único desejo é que a vontade de Deus seja cumprida.

Quarto, ele tem uma atitude correta. Sua reputação se manteve excelente.

Em quinto lugar, ele será invejado e odiado pelo mundo à sua volta, porém jamais se tornará amargo por causa disso.

Sexto, ele pode ser condenado, mas se for condenado, será por sua justiça, pois não haverá outra falha. Ele é como um ancião da igreja deveria ser - irrepreensível.

Sétimo, ele é conhecido por sua virtude e integridade, até mesmo entre seus inimigos.

Oitavo, ele é um cidadão fiel. Ele obedece às leis humanas enquanto não o levarem a violar as leis de Deus.

Nove, ele está disposto a enfrentar qualquer consequência dentro da vontade de Deus e entrega o resultado a Deus.

Dez, ele servirá fielmente, não importa o que isso lhe custe pessoalmente.

Onze, ele nunca se defende. Ele deixa isso com Deus.

Doze, ele fortalece a fé dos outros, dando-lhes esperança em Deus. Não foi o que aconteceu com o rei? Até o rei creu por causa da grande fé de Daniel.

Treze, Deus o livra de todo mal, sendo preservado para os propósitos dentro da vontade de Deus.

Catorze, ele é um veículo para a glória de Deus. Eu gostaria que pudéssemos pregar apenas isso. Como cristãos, devemos ser, acima de tudo, um veículo para a glória de Deus.

Quinze, ele será vingado por Deus. Deus cuidará de seus inimigos. Ele não precisa lidar com eles pessoalmente.

E, finalmente, ele é exaltado por aqueles que o rodeiam, bem como por Aquele que está acima dele.

Os princípios descritos neste capítulo mostram a vida virtuosa de um homem de Deus. Espero que isso tenha sido prático para você, que Deus aplique isso ao seu coração, assim como ao meu. Oremos:

Obrigado, nosso Senhor, pela tremenda emoção de ver teu poder se manifestar. Sentimos que somos capazes estender as mãos e tocar Daniel. Sentimos que poderíamos olhar para dentro daquele poço e ver esses leões. Tudo é tão vívido para nós. E sabemos que tu és o mesmo Deus, imutável desde aquele momento, que vem ao nosso encontro no momento da nossa maior necessidade. Tu és o Deus que quer nos usar para transcender o fluxo e refluxo da história. Tu és o Deus que nos chamou para viver hoje a vida que Daniel viveu desde sua juventude até a velhice.

Ó Deus, tanto nesta congregação quanto no mundo todo, levanta homens e mulheres honestos, íntegros e virtuosos que rendam sua vida totalmente a ti; que sofrem, mas não têm amargura porque se entregaram aos cuidados do fiel Criador.

Senhor, faze de nós esse tipo de pessoa. Faze de mim esse tipo de pessoa por tua grande graça. Molda-me para que minha vida seja coerente, para que eu conheça a bênção de uma velhice útil se Jesus se demorar e Tu me concederes isso. Oro por todos esses amados reunidos aqui, em nome de Cristo. Amém.

FIM

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