
Nesta manhã quero que você abra sua Bíblia em João 9, o nono capítulo de João. Continuamos trabalhando nesta biografia de Jesus que enfoca sua divindade. “Estes, porém, foram registrados para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais vida em seu nome”. Esse é o versículo-tema, capítulo 20, versículos 30 e 31. Isso, então, está escrito para provar que Jesus é Deus em carne humana e para provar que ele é o Salvador, e que crer nele traz a salvação eterna. Esse é o propósito do evangelho de João; não é apenas história, é um tratado evangelístico com o objetivo de levar as pessoas a confiar no Senhor Jesus Cristo, o único Salvador.
Assim, ao expor sua vida pelas lentes do evangelho de João, ele continua a demonstrar sua divindade. Ao mesmo tempo, o povo de sua nação, Israel, continua a aumentar sua rejeição a ele. Quando entramos no capítulo 9, há uma pequena nuance adicionada aqui que nos diz que ultrapassamos algum tipo de ponto de inflexão. Isto é, na passagem que vamos olhar, o versículo 2 menciona seus discípulos. Esta é a primeira vez que os discípulos são mencionados neste cenário particular de seu ministério em Jerusalém, porque ele ainda está se concentrando nas multidões. Ele ainda está interagindo com as pessoas, demonstrando quem ele é, declarando quem ele é, fazendo pronunciamentos sobre sua identidade, apoiados por seu poder expresso nos milagres que ele fez. Ele tem trabalhado, podemos dizer, com o povo e com os líderes.
Entretanto, faltam apenas alguns meses até sua morte, e a persistente rejeição do povo tornou-se clara e cristalizada. Então, como vemos também nos outros evangelhos, agora o vemos começando nesses últimos meses a se voltar a seus discípulos para assegurar que responderá às dúvidas deles e os equipará para o que os espera.
Diríamos então que em certo sentido ele se inclina para o outro lado, longe das multidões, longe da nação de Israel, longe dos líderes que decidiram sobre ele, concentrando-se em seus discípulos. Isso não quer dizer que esta porção específica das Escrituras não tenha ou não devesse ter impacto sobre o povo e os líderes, porque de fato teve. Mas introduz-se aqui uma nova ênfase.
Leiamos os primeiros 12 versículos deste capítulo. O capítulo inteiro é até o fim basicamente construído em torno de uma cura milagrosa, e a maior parte dele é dedicada à discussão desse milagre em si. É por isso que o intitulei de “A incredulidade investiga um milagre”, porque é exatamente isso o que vai acontecer. Mas primeiro temos de examinar o próprio milagre que eles investigam.
Versículo 1: Caminhando Jesus, viu um homem cego de nascença. E os seus discípulos perguntaram: Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Respondeu Jesus: Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus. É necessário que façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia. A noite vem, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo. Dito isso, cuspiu na terra e, tendo feito lodo com a saliva, aplicou-o aos olhos do cego, dizendo-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que quer dizer ‘Enviado’). Ele foi, lavou-se e voltou vendo. Então, os vizinhos e os que dantes o conheciam de vista como mendigo, perguntavam: Não é este o que estava assentado pedindo esmolas? Uns diziam: É ele. Outros: Não, mas se parece com ele. Ele mesmo, porém, dizia: Sou eu. Perguntaram-lhe, pois: Como te foram abertos os olhos? Respondeu ele: O homem chamado Jesus fez lodo, untou-me os olhos e disse-me: Vai ao tanque de Siloé e lava-te. Então, fui, lavei-me e estou vendo. Disseram-lhe, pois: Onde está ele? Respondeu: Não sei”.
Doença, enfermidade, deformidade, morte têm dominado a vida no mundo desde a queda de Adão, o que significa essencialmente toda a história humana. Toca a todos nós; estamos todos em processo de morte. Todos nós estamos infectados e afetados pela corrupção que veio por meio do pecado. Familiarizados com a doença, familiarizados com a deformidade. Tudo isso faz parte da vida. E tem literalmente dominado a vida desde o início, desde a própria queda registrada em Gênesis capítulo 3. E se olharmos o Antigo Testamento, essas influências corruptas caindo sobre a vida física são tão dominantes e tão normais, tão ininterruptas que em todo o Antigo Testamento a cura milagrosa é tão rara que praticamente não existe.
Houve a cura do leproso Naamã, que era um terrorista de fronteira que atacava os judeus. Isso está em 1 Reis. Depois houve o Rei Ezequias, que tinha uma doença terminal, o qual Deus poupou, curando-o dessa doença. Isso está em 2 Reis. Além disso, em Números 21 Deus enviou cobras que picaram os filhos de Israel com um veneno mortal. Eles teriam morrido se o Senhor não fosse misericordioso com eles e curasse aquelas picadas.
Temos, então, a cura de Naamã, um indivíduo; a cura de Ezequias, um indivíduo; e a cura de um grupo de israelitas, judeus, que foram picados por cobras.
E existe ainda uma cura individual definitiva, muito, muito rara e incomum. Quando entramos no Novo Testamento, há no começo alguns outros milagres físicos de cura. Um acontece com Isabel, para que ela, que toda a vida fora estéril, pudesse ter um filho, João Batista. Esse é um milagre de cura. E então é claro que há Maria. Aí não se trata de cura, mas Maria ganha o direito, o privilégio e o poder de ter um filho sem pai, um pai humano, o nascimento virginal. Mas voltando ao Antigo Testamento, temos seis ocasiões em que um milagre físico real causou uma mudança na fisiologia de alguém.
No Antigo Testamento temos três ressurreições. Isso é tudo. Três. O filho da viúva em 1 Reis 17, o filho da viúva sunamita em 2 Reis 4 e o homem no túmulo de Elias em 2 Reis 13. Três ressurreições. É isso. Muito, muito raro em toda a história, desde a Queda até a chegada do Senhor Jesus Cristo.
Pois bem, mas isso é apenas o Antigo Testamento. Sim, mas se olhássemos apenas o Antigo Testamento, isso seria o centro da religião, não seria? Isso seria onde Deus está mais ativo. Isso seria onde Deus está trabalhando, Deus está agindo através dos pais, através dos profetas, através da história de Israel, a nação de Israel. E em todo aquele período da História em que Deus está agindo não acontecem milagres, exceto em ocasiões extremamente raras alguns milagres de cura.
Até Jesus aparecer. E quando Jesus apareceu, os milagres explodiram em todas as direções durante seu ministério de três anos. A propósito, ele não fez milagres nos primeiros 30 anos de sua vida. Nenhum. Quando ele fez 30 anos e foi a um casamento em Caná, transformou água em vinho e a Bíblia diz que aquele foi o primeiro milagre que Jesus fez. Então, esses falsos evangelhos sem sentido, gnósticos, que mostram Jesus fazendo milagres quando menino, não passam de tolice. Simplesmente não temos curas na história. Não há reversão milagrosa de doenças e deformidades. Não há ressurreições. Não há pessoas voltando dos mortos. É algo muito raro.
Então chegamos à vida e ao ministério de Cristo, e as curas acontecem quase que diariamente. É uma explosão destinada a demonstrar que o Messias, o Filho de Deus, Deus em carne humana, chegou ao mundo. Mateus 12:15 diz que ele curava todas as pessoas em todos os lugares. É por isso que eu disse muitas vezes que ele baniu as doenças da terra de Israel.
E de acordo com Atos 2:22, nas palavras de Pedro que vimos em nosso estudo de Atos, este é Deus atestando Jesus como o Messias por milagres. São curas sobrenaturais. São milagres criativos. Pessoas com membros deformados que receberam novos membros. Pessoas com órgãos deformados e doentes recebem novos órgãos. Pessoas com olhos cegos ganharam novos olhos. Pessoas que não podiam ouvir receberam novos ouvidos. Cada um é um trabalho criativo. Coerentemente com isso, João apresenta o evangelho dizendo: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. Nada do que foi feito foi feito sem ele; todas as coisas foram feitas por ele. Ele é o criador e nós o vemos criar. Todos esses milagres de cura são atos sobrenaturais da criação, pegando algo corrompido, algo deformado, algo doente, algo infectado e substituindo-o por algo totalmente novo. São as obras de Deus por meio de Cristo.
Não há explicação natural para elas. Não há explicação médica para elas. Não há explicação psicológica para elas. Essas não são doenças psicossomáticas que as pessoas imaginam ter, sendo anuladas pelo poder de Jesus como psicólogo. Ele não usa remédios. Não existe uma fórmula aplicada a nenhuma dessas doenças. Não há processo natural. São milagres criativos divinos, sobrenaturais, instantâneos e transformadores feitos por uma palavra ou um toque, instantânea e completamente. Não há nada parecido na história humana. Tudo explodiu em um período de três anos.
O profeta Isaías disse no capítulo 42, versículo 7, que o Messias viria e curaria, e este é o cumprimento daquela profecia messiânica no cântico do Servo em Isaías capítulo 42.
Agora deixe-me dizer o seguinte: obviamente há tantos milagres que nem todos estão no Novo Testamento. João nos diz isso no final de seu evangelho: “Se tudo o que Jesus fez estivesse registrado, o mundo não poderia conter todos os livros.” Temos aqui no capítulo 9 o privilégio de olhar para um das dezenas de milhares de milagres criativos que Jesus fez. Vamos examinar este milagre junto com alguns incrédulos, e vamos descobrir como a incredulidade investiga um milagre.
Este milagre deveria sozinho ter mudado substancialmente sua visão de Jesus. Se eles ainda não tivessem entendido que ele era divino, isso deveria ter sido o suficiente para validar sua reivindicação à divindade. Mas em vez de fé, em vez de reconhecer que não havia explicação humana para o que eles viram e experimentaram, tudo o que isso faz é aumentar sua animosidade e elevar sua raiva. Quanto mais evidências Jesus dá, mais zangados ficam. Seu ódio aumenta. O conflito está acelerado.
Então, o inevitável acontece. Jesus começa a abandoná-los, e é por isso que vemos a introdução de conversas não tanto com os fariseus, mas com os discípulos. Na maioria dos casos, eles firmaram uma posição inabalável em sua ignorância enganosa. Eles buscam apenas reunir as acusações mais ultrajantes contra Jesus para que possam insistir em sua execução. É um cumprimento triste e trágico do primeiro capítulo de João. “Ele veio para o que era seu, e os seus não o receberam”.
O capítulo 9 é, portanto, dedicado ao milagre e à investigação. Todo o capítulo. Então, vamos ter de fragmentá-lo um pouco nas próximas semanas. É outro milagre seguido de discussão e diálogo. Vimos isso no capítulo 5. Vimos isso no capítulo 6. Vamos ver aqui novamente. Quero então dividir a passagem em algumas seções, e nesta manhã vamos examinar os versículos 1 a 12. Essa é dureza para mim, como sabem, mas é uma narrativa e vamos tratar dela.
Eu quero dividir esses 12 versículos em tópicos simples: escuridão, luz, visão e de volta à escuridão. Vamos começar então com as trevas, no versículo 1. “Ao passar, viu um homem cego de nascença.” Cegueira. Vemos isso em todo o Novo Testamento. Era uma experiência muito comum na época do Novo Testamento e em todo o mundo antigo. Mas mesmo indo além disso, se voltarmos ao Antigo Testamento, ao Pentateuco, ao tempo de Moisés e dos patriarcas, encontraremos a cegueira mencionada muitas e muitas vezes, em Levítico, em Deuteronômio e depois nos livros históricos. É mencionada também nos profetas. A cegueira era uma realidade dominante no mundo antigo, e esta é uma das razões por que Isaías 42:7 disse que, quando o Messias viesse, ele abriria os olhos cegos.
Aqui está uma ilustração desse tipo de cegueira. Jesus vê um homem que é cego de nascença. Ele esteve cego a vida toda. Ele nasceu cego. Vejamos então a imagem. Jesus acabou de declarar no versículo 58 do capítulo 8, que ele é o Eu sou, o próprio Deus. Eles ficaram tão furiosos com o que viram como blasfêmia que pegaram pedras para atirar nele, mas Jesus se escondeu deles e saiu do templo.
Ao sair do templo e passar adiante, Ele vê um homem cego de nascença. O homem está sentado em um dos portões do templo, mendigando enquanto Jesus passa. Como sabemos disso? Porque essa é uma realidade muito óbvia: os mendigos inevitavelmente acabavam nos portões do templo. É onde este homem está. Só preciso observar que, nunca muito preocupado com a própria vida, Jesus para, embora esteja em alto risco, em perigo porque está fugindo do apedrejamento. Ele para a fim de demonstrar graça, poder, misericórdia, compaixão e até mesmo salvação para um mendigo cego. É muito parecido com Jesus no momento de sua morte, recolhendo um ladrão no caminho da sua própria morte.
Há um belo paralelo entre esse mendigo e outro mendigo no terceiro capítulo de Atos. Ambos são mendigos sentados no portão do templo. O mendigo aqui é cego; o mendigo em Atos 3 está paralisado desde o nascimento. Esse tem cegueira congênita; aquele tem deformidade congênita. Ambos estão no templo, ambos são recebidos por Jesus e ambos são curados por Jesus. Embora os apóstolos tenham mediado o poder de Jesus em Atos 3, ainda era o poder de Jesus. Mas eles ilustram o poder de cura que Jesus expressou e a semelhança dos mendigos sentados perto do templo. Em Mateus 21:14 está escrito: “Os cegos foram ter com ele no templo. O coxo veio a ele no templo. E ele os curou.”
Veja: Os mendigos vão para onde estão as multidões, certo? Os mendigos sempre vão aonde estão as multidões, mesmo hoje. Onde quer que haja multidões, encontra-se gente implorando. Eles não operam isoladamente. Os mendigos sabiam aonde ir. Eles foram ao templo. Por que eles iam ao templo? Porque, para começar, as pessoas mais devotas iam ao templo. Aparentemente, era gente boa que ia ao templo. Pessoas com compaixão, pessoas gentis e atenciosas. As pessoas também iam ao templo porque iam fazer um sacrifício de manhã e à noite, e isso significava que estavam cônscias de seus pecados. E as pessoas que se sentem culpadas pelo pecado têm mais probabilidade de ser generosas.
Portanto, temos pessoas devotas e pessoas sentindo culpa. Há também pessoas tentando ganhar sua salvação deste modo, e a maneira de ganhar a salvação ensinada pelos rabinos era dar esmolas. Temos então pessoas praticando atos de bondade e caridade. E são muitas pessoas ali. Portanto há mais opções, inclusive porque multidões entravam e saíam do templo o dia todo. Além disso, os mendigos sabiam que, onde há multidões de pessoas religiosas que querem fazer o bem, há segurança contra ladrões que de outra forma levariam tudo que um mendigo tivesse.
Então, o templo era o lugar em que eles ficavam. Permaneciam ali porque era o melhor clima para sobreviverem. O mendigo não pode ver Cristo; ele nunca viu nada. Mas está escrito: Ele viu o mendigo “enquanto passava”. A graça e a vontade soberanas dominam este milagre. O cego não podia ver nada. Ele não sabia nada sobre a vinda de Jesus. Mas Jesus o vê. O cego é uma imagem do homem cegado pelo pecado que não tem capacidade de ver Jesus, que está profundamente envolvido em sua cegueira desesperada e não tem capacidade de ver o Salvador. A analogia é irresistível.
Na verdade, os evangelhos usam essa analogia. Paulo fala várias vezes sobre a cegueira espiritual, e os evangelhos registram mais casos de pessoas cegas sendo curadas do que qualquer outra doença específica. Existe uma cura para um surdo-mudo. Existe uma cura para alguém com paralisia. Há uma cura de alguém com febre. Existem duas curas de leprosos, grupos de leprosos. Há três mortos ressuscitados, mas há cinco relatos separados de cegos.
A cegueira ilustra bem a escuridão espiritual e a perdição do homem. Desamparado desde o início, aquele cego está à mercê de alguém que surja e opte por ajudá-lo. Ele é como o pecador. Deus precisa tomar a iniciativa com o cego por meio de Cristo. Deus também tem de tomar a iniciativa por meio de Cristo pelo pecador. É assim que a graça opera. Estamos perdidos, estamos mortos, estamos cegos, não sabemos a verdade, não vemos Cristo, não temos Deus, mas Deus nos vê. Vem com compaixão e graça, e confere visão espiritual.
É uma bela imagem o que esta cura ilustra. Portanto, vemos a escuridão no versículo 1. No versículo 2, vemos a luz. Nos versículos 2 a 5, seus discípulos perguntaram-lhe: "Rabi" (mestre) "quem pecou, este homem ou seus pais, para que nascesse cego?" Isso descreve essencialmente a teologia deles: se algo está errado com você, é uma questão de pecado. Nem indireto, mas direto. Agora, todos concordaríamos que toda doença está relacionada à queda de Adão, certo? Mas não se pode fazer uma ligação direta do tipo “estou doente porque há três meses cometi um certo pecado”. Mas na teologia deles era assim que funcionava. Se alguém está deformado, se está doente, se tem algum tipo de doença, é diretamente por causa do pecado. Não por causa da queda do mundo, mas porque você está carregando culpa sua.
Então, de quem foi o pecado? O que significa essa dúvida deles, se foi esse homem ou seus pais? Assim é que eles eram, isso era o que havia se desenvolvido em seu sistema, que as pessoas que estavam doentes ou o que fosse eram assim porque ou pecaram ou seus pais pecaram.
Pois bem, essas questões podem ter um componente físico, um componente fisiológico, um componente médico, se quisermos. O maior contribuinte antigo para a cegueira era a gonorreia. E como não havia tratamento para isso, quando uma mãe tinha gonorreia, um bebê que passava pelo canal do parto podia sair cego. Isso chegava a ser epidêmico e ocorre mesmo no mundo moderno, onde nos países do terceiro mundo não há remédio para isso: nitrato de prata, ou o que seja. A cegueira se multiplica.
De acordo com uma fonte que li, houve um tempo, não muitos anos atrás, em que 90% dos cegos de nascença eram vítimas de doenças venéreas. E, novamente, mesmo hoje em países onde não há recursos para cuidar disso, a cegueira se mantém. Seria então que eles estavam dizendo algo sobre o pecado da mãe ou do pai? Algo sobre uma doença transmitida? Talvez isso estivesse em sua mente, mas provavelmente era mais teológico do que fisiológico.
Os rabinos estavam convencidos de que os pecados dos pais afetavam os filhos. Onde eles encontraram isso? Eles entendiam dessa forma porque interpretavam mal Êxodo 20, e chegarei a isso em alguns minutos. Eles acreditavam que os pecados dos pais podiam ser castigados nos filhos.
Mas antes de chegarmos a esse ponto e recuando um pouco, eles fizeram uma conexão direta entre o sofrimento e o pecado na vida da própria pessoa. Podemos lembrar que a ilustração clássica disso são os amigos de Jó. Jó não fez nada e está sofrendo desesperadamente. Seus amigos o assediam capítulo após capítulo, após capítulo, após capítulo, tentando indiciá-lo, declará-lo culpado, para que possam encontrar no pecado a causa direta de seu sofrimento. E ele insiste em rejeitar aquilo, mas era um reflexo da teologia deles: onde há pecado, há sofrimento; e onde há sofrimento, há pecado específico correspondente da parte do indivíduo que sofre.
Vemos isso em Lucas 13. Lembrando: desabou uma torre e matou uma porção de gente. Em outra ocasião, os homens de Pilatos entraram no templo e massacraram os galileus que estavam adorando, e o que o povo perguntou? Eles disseram: "Eles são pecadores piores do que todos os outros?" Se a calamidade vier, se uma torre cair sobre você e o matar, ou se alguém o apunhalar, isso é um sinal de que você é pior do que todo mundo, certo? As piores pessoas sofrem as calamidades e as melhores escapam. Essa era a teologia deles.
Portanto, a pergunta deles vem do conceito dos rabinos. Os rabinos tinham de explicar questões congênitas, deformidades congênitas, cegueira congênita, cegueira de nascença. Como pode ser o pecado de um cego de nascença? Eles perguntam se foi o próprio homem que pecou. Como ele poderia ter pecado? Ele estava no útero. Os rabinos chegaram até a desenvolver a ideia da iniquidade pré-natal. Pecando no útero.
E há algumas discussões realmente bizarras entre rabinos sobre este assunto, quando um rabino finalmente responde com Gênesis 4:47: “O pecado está à porta”, e ele faz com que a porta se refira à porta do útero. Então ele interpreta isso como algum tipo de iniquidade pré-natal. E o outro rabino argumenta que se o bebê estivesse realmente pecando no útero, ele chutaria com mais força. Loucura, isso.
Alguns acreditavam na preexistência da alma, influenciados pelos helenistas como Platão, de modo que de alguma forma sua alma estava pecando antes de alguém ser concebido. Eles acreditavam que de alguma forma algo que uma pessoa fez no útero ou uma alma fez antes do útero contribuiu para essa condição. Por outro lado, eles também acreditavam que os filhos sofriam com o pecado dos pais.
E isso era Êxodo 20 versículo 5. “Eu, o Senhor vosso Deus, sou um Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais sobre os filhos até a terceira e quarta gerações.” Você já ouviu pessoas usarem isso, que existem crianças amaldiçoadas, gerações amaldiçoadas? Essa noção de que alguém paga pelos pecados de seus pais conseguiu de alguma forma sobreviver até hoje. Mas entre os judeus havia a ideia de que as pessoas poderiam ser punidas por várias gerações pelos pecados cometidos por seus pais.
Perguntamos então: Bem, o que isso significa? Primeiro, é uma declaração coletiva: os pecados dos pais, dos líderes, da geração, dos chefes de uma geração. Os pecados que eles cometem definem aquela área de geração de forma tão influente que não podem ser revertidos e erradicados por três ou quatro gerações. Esse é o princípio estabelecido aqui. Não se trata de que os pecados individuais de três ou quatro gerações de filhos, netos, bisnetos, serão amaldiçoados. Isso é completamente estranho ao que as Escrituras dizem, e mostrarei isso em um minuto.
Tudo o que se diz aqui é: É melhor você cuidar da sua geração, porque se você for caracterizado pela iniquidade e pelo pecado, vai demorar três ou quatro gerações para reverter isso.
Pense nisso quando você olhar para a geração em que estamos vivendo agora. Isso não muda rapidamente, mas penetra profundamente. Não é pessoal. Abra Ezequiel, porque eu preciso lhe mostrar isso. Ezequiel capítulo 18, um dos capítulos mais importantes dos profetas porque trata desta questão. Ezequiel 18.1.
“Veio a mim a palavra do SENHOR” - é Ezequiel falando - “dizendo: ’Que tendes vós que acerca da terra de Israel proferis este provérbio, dizendo: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram?’” Esse é o provérbio. O provérbio é que os filhos sofrem as consequências do comportamento dos pais. Então, Deus diz a Ezequiel no versículo 3: "O que você quer dizer com isso? Tão certo como eu vivo, diz o SENHOR Deus, jamais direis este provérbio em Israel.” Pare de dizer isso!
Em seguida, ele explica no versículo 20: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai a iniquidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele e a perversidade do perverso cairá sobre este.”
Responsabilidade individual, ponto final e parágrafo. Mas naquela teologia judaica, agora de volta a João 9, eles desenvolveram aquele sistema em que gerações poderiam ser amaldiçoadas. Então eles querem saber: o homem pecou de alguma forma? Ele pecou no ventre ou seus pais pecaram e agora ele está amaldiçoado com a cegueira?
Eles citariam alguns casos. Lembrariam Acã. Ele se apropriou indevidamente de coisas quando entrou na terra e as enterrou em sua tenda. Lembra-se que Deus mandou apedrejá-lo com toda a sua família? Por que Deus queria que toda a família fosse morta? Resposta: cumplicidade. Eles estavam todos envolvidos nisso. Eram todos culpados. Houve também ocasiões no Antigo Testamento em que Deus puniu diretamente alguém pelo pecado, impondo-lhe uma doença e até matando algumas pessoas. Miriam recebeu lepra em Números 12 como punição direta de Deus. Uzias morreu por punição direta de Deus. Tocou na arca, punição direta de Deus, morte.
Então há ocasiões no Antigo Testamento em que isso acontece. Mas as perguntas apenas refletem aquela teologia. A resposta que Jesus dá está no versículo 3. “Nem ele pecou, nem seus pais.” Não se trata disso. Com uma afirmação oblitera completamente todo o sistema teológico, porque Jesus agora diz: alguém pode ter por toda a vida uma doença grave, congênita, que não tem nada a ver com seu próprio pecado ou os pecados de seus pais. Todo aquele sistema ele anulou com uma declaração. Essa conclusão era indevida.
A razão pela qual ele é cego é: “para que se manifestem nele as obras de Deus.” Ele está cego para a glória de Deus. Está cego para que pudéssemos chegar a este momento e esta cura, o poder de Deus ser revelado e as obras de Deus serem manifestadas e Deus ser glorificado.
Nem todas as doenças, nem todos os defeitos, nem todo sofrimento vêm de pecado pessoal. Podem até vir. Você pode ser um crente e, se continuar pecando, o Senhor pode torná-lo fraco e doente e tirar sua vida. Existe pecado para a morte. Mas não podemos necessariamente fazer essa conexão, ou seremos como os amigos de Jó dizendo: “Jó, você está pecando em algum lugar. Vamos, confesse." E não seremos melhores que os amigos de Jó.
Não, não se trata dos pais desse homem. Eles eram pecadores. Certo? Ele é um pecador? Claro. Mas isso não tem nada a ver com a cegueira dele. Existem pecadores saudáveis no mundo. Entendeu? Realmente, e alguns deles são pecadores miseráveis, mas vivem muito tempo e são saudáveis, e existem crentes enfermos que são fiéis ao Senhor. Não podemos fazer essas conexões.
Bem, Jesus acabou com essa teologia, simplesmente cortou a raiz de tudo isso e disse: “Isso é para que se manifestem nele as obras de Deus”. O propósito da cegueira daquele homem era revelar o poder miraculoso de Deus por meio do seu Filho para substanciar suas afirmações de ser o Messias, de ser o próprio Deus. Ele realizaria um milagre criador para que ficasse claro para todos que ele é aquele que criou tudo, como diz João no começo do seu evangelho. Ele é um vaso preparado para mostrar Deus por meio de Cristo. Jesus não quer discutir teologia apenas para derrubá-la, mas cortar o erro pela raiz.
Assim, no versículo 4, sem qualquer discussão teológica além de apenas obliterar aquela conexão absoluta que eles fizeram, ele diz: “É necessário que façamos as obras daquele que me enviou enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.” E veja só: é bom ter uma discussão teológica, mas, mais cedo ou mais tarde será preciso trabalhar. Não se pode ficar ali e debater teologia e parar por aí; é hora de trabalhar.
Então Jesus diz: “A noite chega, quando ninguém pode trabalhar”. Ele não está falando sobre a noite física. Suponho que fosse de dia, e ele provavelmente queria curar o homem durante o dia para que pudesse enxergar o que havia para ver. Quer dizer, seria despropositado esperar até que escurecesse para então curar a pessoa. “Espera, me dê um tempo. Seria muito grosseiro. Pelo menos faça isso durante o dia. Portanto, acho que Jesus pretendia curá-lo durante o dia, mas esse não é o ponto. A questão é: “Nós” - adoro esse “nós”. Vou me deter nisso em um minuto. “Devemos realizar as obras daquele que me enviou.” No capítulo 5, versículo 17 e seguintes, Jesus disse: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também”. O Pai e eu trabalhamos juntos. O que o Pai faz, eu faço; o que o Pai diz, eu digo; o que o Pai quiser, eu farei. O Pai e eu trabalhamos juntos. Quiseram apedrejá-lo por isso, porque ele estava se igualando a Deus, lembra disso?
Aqui ele atrai os discípulos com o "nós". Estamos todos juntos, chamados para "fazer as obras daquele que me enviou, desde que seja dia." Pois bem, o que quer dizer com "é dia?" Não é a luz do dia. É tempo de vida. Há uma implicação espiritual muito maior aqui. A morte está surgindo no horizonte. Jesus ainda dispõe de meses. Dos discípulos, alguns não têm muito tempo. Eles têm anos, mas serão martirizados.
Há uma realidade muito maior aqui. Temos apenas um breve tempo. Este não é um momento para se envolver em debates teológicos. Cortamos essa teologia em sua base e então começamos a trabalhar. Eu amo esse “nós”. Jesus diz em João 5: “Eu trabalho com o Pai”. E aqui ele diz: “E todos nós trabalhamos junto com o Pai”. Que vocação é essa! Impressionante! Eu amo esse “nós” diante do fato de que está chegando a noite, o fim da nossa vida.
Não sabemos quanto tempo temos. Meses? Anos? Não sabemos. Menos a cada respiração; menos a cada dia. É hora de trabalhar. Não sei quanto tempo tenho, mas acho que nunca tive mais coisas para fazer pelo reino do que agora. Não posso puxar as rédeas em lugar nenhum, porque só há uma coisa pela qual vale viver, e é trabalhar com o Salvador e o Pai, realizando a obra. Fico muito emocionado por fazer parte do "nós". “Façamos as obras daquele que me enviou, enquanto é dia.” Como é dia? É apenas uma expressão para falar sobre a vida, antes que as luzes se apaguem permanentemente e você deixe este mundo.
Em Efésios 5:16, Paulo diz isso desta forma: “remindo o tempo, porque os dias são maus”. Aproveitar ao máximo o tempo porque os dias são maus. Pois bem, o que você está fazendo da sua vida? O que está fazendo com o seu tempo? Jogando fora com um monte de bobagens que não importam? Amo o fato de fazermos parte deste “nós”. Isso valoriza tudo, não é? Ouça cristão: enquanto for dia, limpe sua vida, mexa-se, remova o pecado, o mundanismo, as coisas triviais, a transigência. Pare de perder tempo. Pare de flertar com o mundo. Pare de fazer aquelas coisas que não têm valor algum para o futuro e vá em frente, de mãos dadas com o Senhor, de mãos dadas com o Pai. Que coisa incrível trabalhar com aquele que é capaz de fazer muito, muito mais do que tudo que podemos pedir ou pensar. Ir trabalhar.
Jesus sabia que sua morte viria em poucos meses. Ele diz no versículo 5: “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo”. Mas isso é só por um tempo. Em certo sentido ele sempre será a Luz, mas nunca brilhará no mundo tão intensamente como durante aqueles três anos. Devo usar meu poder e luz enquanto estou aqui. Ele usaria seu poder para dar luz física àquele homem. Mais importante, porém, é que ele lhe daria luz espiritual.
Indo para o versículo 38, veremos o próprio homem dizendo: “Senhor, eu creio”. E o adorou. Portanto, Jesus não apenas cura o cego; mas o salva. Então eu digo segundo os versículos 2 a 5 que a luz invade as trevas. Primeiro luz física para que ele pudesse enxergar; e depois luz espiritual, para que pudesse ver Deus. Primeiro ele pôde ver o mundo ao seu redor e depois ele pôde ver o mundo invisível. No capítulo 8, Jesus diz: "Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida.”
Jesus percebe o fim de sua vida chegando e diz: “Pessoal, temos de trabalhar. Eu só posso brilhar neste nível de brilho enquanto é dia, e este está chegando ao fim.” Ele repetiu esse tipo de coisa várias vezes, pelo menos quatro vezes nos evangelhos, dizendo que ele era a Luz, mas que nem sempre seria assim. Esse tempo era limitado.
Então temos a escuridão e depois a luz. E em terceiro lugar chegamos aos versículos 6 e 7: visão. Tendo dito isso, ele cuspiu no chão, fez lama com a saliva e a aplicou sobre os olhos do homem e disse-lhe: “Vai, lava-te no tanque de Siloé” (que quer dizer “enviado”). Ele foi, lavou-se e voltou vendo.
Agora, se você ler comentários, surge a pergunta: por que Jesus usou esse método? Bem, ele fez isso várias vezes. Em Marcos 7, ele usou saliva para colocar na língua de alguém. Em Marcos 8 ele fez algo assim com outra pessoa cega. Pergunta-se então por que ele fez isso. Bem, encontrei algumas sugestões interessantes. Alguém disse: para aproveitar a qualidade curativa da saliva. Sério? Isso é exagero. Outro comentarista disse: para torná-lo ainda mais cego. Ora, não se pode ser mais cego do que totalmente cego. Enlamear os olhos que não funcionam não o deixa mais cego. Não é uma boa leitura. Outro escritor disse: para simbolizar que o homem é feito de terra. Não vejo a conexão. Outro disse: dar tempo para os olhos sararem. Esses olhos não precisavam se curar. Eles tiveram de ser substituídos. Essas ideias são tolas.
Por que ele usou esse método? Não faço ideia. Além disso, eu não poderia me importar menos. Ele fez. Há um elemento nisso que eu entendo. Poderia apenas ter tocado seus olhos e o homem teria visto instantaneamente. Olhos criados no local. Por que ele o manda para outro lugar? Acho que ele está pedindo obediência aqui. Está pedindo que o homem se submeta. Agora lembre-se, o homem não sabe quem está falando com ele. Ele nunca viu ninguém. Mas ele obedece. Ele vai e faz aquilo. Ele foi embora - versículo 7 - lavou-se, voltou vendo. Por que ele faria isso? Se você se aproximasse de um mendigo cego, cuspisse e colocasse sujeira em seus olhos, ele provavelmente o esbofetearia. Se ele não soubesse quem você era, não importaria quem você fosse.
Por que ele faz isso? Porque a compulsão irresistível de um poder divino está começando a agir em sua vontade. Ele está sendo transformado. Estaríamos vendo aqui uma ilustração de regeneração? Uma nova vida explodindo em sua alma enegrecida? Não acho de forma alguma que ele tenha hesitado. Acho que uma centelha de fé se acendeu em seu coração quando o Espírito de Deus começou a mudá-lo por dentro. Isso se concretiza no versículo 38, quando ele diz: “Senhor, eu creio”, e o adora.
São essas as primeiras operações do poder do Espírito Santo para levar esse homem a se submeter a Cristo? Por que o tanque de Siloé? É um lugar muito especial. Do lado de fora da muralha de Jerusalém havia um lugar chamado Fonte de Giom, com muita água. Mas a cidade estava muito vulnerável. Nos dias de Ezequias ela foi sitiada e eles estavam preocupados com os assírios cercando a cidade e cortando o abastecimento de água. Então Ezequias mandou construir um túnel desde a nascente, sob a muralha da cidade, para que tivessem suprimento de água, e a água era recolhida no tanque de Siloé. Significava Enviado porque a água era enviada da fonte de Giom para a cidade. Este era o suprimento de água para onde eles iam na Festa dos Tabernáculos para coletar a água para a grande festa, quando derramavam a água lembrando-se da provisão de água de Deus no deserto, e Jesus disse que ele era a água, a água viva. Lembra-se disso?
Portanto, aquilo falava da provisão de Deus. Falava da purificação de Deus, falava da água da vida. É realmente uma bela ilustração, era a água enviada para a cidade, outro símbolo maravilhoso. As águas fluem da colina do templo e já no Antigo Testamento são consideradas um símbolo de bênção espiritual. Isaías 8 fala sobre isso.
Então, quando um homem ia se lavar em Siloé, havia uma analogia ali. Ele estava indo para aquele que era o verdadeiro Siloé, a fonte da água da vida de Deus. Cristo é o verdadeiro Siloé. Isso até ele mesmo disse no capítulo 7, versículo 37. “Se alguém tem sede, venha a mim e beba.” Belas imagens, belas analogias.
É assim que a salvação funciona nesta analogia. A graça soberana confronta um pecador implorando, cego e desamparado. Ele não pode ver, não pode ver Deus, não pode ver Cristo. Mas a graça soberana vem a ele, coloca sua mão gloriosa e misericordiosa sobre sua alma cega e pede apenas uma resposta de fé simples. Ele encontra seu caminho até as águas purificadoras, que em Isaías são um símbolo da salvação messiânica. Ele volta e consegue ver espiritualmente. É realmente uma bela imagem.
Isso nos leva à última pequena parte da abertura, e estamos novamente de volta à escuridão, porque todos estão agora no escuro sobre o que está acontecendo. Os vizinhos e aqueles que antes o viam como um mendigo diziam: "Não é este aquele que se sentava lá para mendigar?" O que significa que era um negócio diário para ele, a sobrevivência. Muito familiar. O mesmo mendigo, sempre no mesmo lugar.
Eles não conseguem explicar como esse homem pôde vir a enxergar e então dizem: "Não é este o que costumava sentar-se e implorar?" E outros diziam: "É ele, sim." Outros ainda diziam: “Não, mas é parecido com ele. Não pode ser.” Ele dá um passo à frente e diz: “Sou eu. Vocês não precisam debater. Eu posso lhes contar. Sou eu." Não consigo imaginar o resto dessa conversa, pois ele estava tentando explicar que nunca tinha visto nada em sua vida e agora tinha o mundo inteiro na sua frente. Não sei que tipo de alegria e empolgação ele estava expressando ao dizer que era ele.
Perguntaram-lhe, pois: “Como te foram abertos os olhos?" Eu amo isso - versículo 11. Ele respondeu e deu uma explicação simples, simples. “O homem que se chama Jesus” (alguém deve ter dito isso a ele). “O homem que se chama Jesus fez barro, ungiu-me os olhos e disse-me: 'Vai ao tanque de Siloé e lava-te'; então eu fui embora, me lavei e recuperei a visão.” Isso não explica como aconteceu. Só explica o que ele fez. Não há explicação de como isso aconteceu. É um milagre criador.
Mas o homem só pôde descrever a experiência, e assim ele tenta empurrar as trevas para o resto das pessoas. “Tudo o que posso dizer a vocês é que aquele homem chamado Jesus veio, colocou lama nos meus olhos, disse-me para ir a Siloé e lavar-me. E eu o fiz e posso ver”. Disseram-lhe: "Onde ele está?" Ele disse: “Não sei”. Quer dizer, ele pode ter dito: “Como, onde está? Eu nunca vi onde ou qualquer outra coisa, então o que você quer dizer? Você quer orientação minha? Não sei onde está nada.”
Portanto, essa escuridão segue e atinge todos. Como eles vão dissipar as trevas? O versículo 13 conta. Eles levaram aos fariseus o homem que antes era cego. Vão aos especialistas. E é aí que a incredulidade começa a investigar um milagre com um resultado previsível. É realmente uma história incrível. O relato de Jesus curando um cego ilustra muito bem o processo de salvação. Sentamo-nos cegos pelo pecado, implorando. Não podemos ver Deus. Não podemos ver Cristo. Não temos capacidade de reconhecer o Salvador. Não temos como iniciar qualquer tipo de libertação ou resgate.
E então Deus, em sua misericórdia, Cristo, em sua graça, nos encontra. Isso é salvação. Ele nos alcança em nossa cegueira e nos dá visão, e tudo o que ele pede é um simples ato de fé, com o que ele nos capacita. E ele nos lava e veremos para sempre. Foi isso que aconteceu com aquele homem. Primeiro veio a cura física e depois foi removida a cegueira da alma. Mas teremos de guardar isso para a próxima vez. Vamos orar.
É uma grande bênção, Senhor, viver essas cenas, sentir até certo ponto como se estivéssemos lá graças à linguagem clara, bonita e simples da Sagrada Escritura. É tão maravilhoso voltar àqueles locais e andar com Jesus nessas situações, e ainda mais maravilhoso do que ver isso como história, por mais incrível que seja, é saber que esta é a nossa própria realidade também, pois éramos cegos e não víamos Deus, não víamos Cristo e não conhecíamos a luz. Nós nem sabíamos que havia um mundo para ver, ou como ele era, até que vieste em misericórdia e graça, soberanamente escolhendo nos dar visão espiritual. Tudo o que pediste foi um simples ato de fé, com o que nos capacitaste, e nós viemos e nos lavamos. Fomos limpos e podemos ver. Obrigado pela salvação que nos deste, soberanamente, graciosamente. Senhor, peço que concedas isso àqueles que estão aqui hoje e que ainda estão cegos, ainda sentados implorando sem visão e sem esperança. Senhor, para aqui por eles. Para por essas almas, estende a mão e toca-as. Dá visão a eles. Capacita suas vidas para abraçarem a ti como Senhor e Salvador.
Mais uma vez, Senhor, encerramos com gratidão esta hora. Fomos revigorados na comunhão uns com os outros e contigo. Muito enriquecidos e abençoados. Sela em nossos corações essas grandes verdades. Que se tornem parte de nós, a própria estrutura do nosso pensamento. Que possamos estar disponíveis para o teu Espírito Santo para espalhar as palavras de esperança e salvação para aqueles que encontrarmos. Usa-nos para a tua glória. Oramos em nome de Cristo, Amém.
FIM

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